Fotografia de Josh Hild na Unsplash (www.unsplash.com)
Com o avanço da inteligência artificial, um robô criativo tem ganhado espaço.
Redação pecahoje.com.br
Vivemos em um dos períodos de maior crescimento tecnológico jamais visto. De forma cada vez mais rápida, novos projetos e criações têm surgido e atraído o olhar de todos, tornando real ideias que até então pareciam mera ficção cientifica.
Dentre elas, destaque para os robôs de geração de texto e imagem. Estes modelos criam conteúdo mediante o uso de machine learning. Essa prática consiste no treinamento de algoritmos com a exposição repetida a imagens e textos do mundo real.
A ideia de robôs inventarem uma marca de carro
Para iniciar a geração de texto pela inteligência artificial, é necessário informar um texto inicial para orientar os resultados posteriores gerados pelo robô. No caso deste experimento, o seguinte texto foi inserido:
“Essa é a história de uma empresa chinesa que fabrica carros.”
Feito isso, o algoritmo do robô gerador de texto elaborou o que parece ser uma entrevista com um dos diretores da empresa fictícia, muito parecida com aquelas realizadas por jornais especializados em carros. Aproveitamos a oportunidade e decidimos fazer nossas próprias perguntas ao “COO fictício”.
O “entrevistado” foi o Dr. Siang Zhang, COO da empresa, que prometeu revelar os segredos da fabricante ao jornalista. Vale lembrar que o texto descrito a seguir é baseado nos dados criados pela inteligência artificial, ou seja, são completamente fictícios.
A história da empresa criada pelo robô
A montadora comandada por Zhang é chamada de “Ling Shang Motor Company” e foi fundada em 1997 pelo empresário Li Shui Hua, na província fictícia de Kangwa. Desde seus primeiros dias, o fundador da fabricante afirmou que o sucesso vem apenas mediante “trabalho duro e grande excelência”. Emocionado, o COO afirmou que “a motivação e a crença imbatível” do empresário são fatores determinantes no sucesso da empresa.
No ano de 2006, a empresa chinesa opera também em Iaundê, capital de Camarões. A decisão de fabricar e vender carros no país centro-africano surgiu de um “programa de incentivo camaronês para empresas que desenvolvem automóveis”, de maneira a suprir o mercado daquela nação.
Em 2008, a fabricante entrou no mercado de carros eletrificados com o lançamento do LinYi RS6, que contava com autonomia de mais de 300 quilômetros por hora. Com relação aos veículos autônomos, o representante da Ling Shang afirmou que “o assunto já está em estudo”.
Quando perguntamos sobre planos de trazer os modelos da Ling Shang para o Brasil, Zhang afirmou que não há planos. “Nós não entramos no mercado brasileiro ainda pois já está dominado por diversas fabricantes”, afirmou o COO.
Os carros inventados pelo robô
Na sequência, questionamos a inteligência artificial sobre os modelos fabricados pela Ling Shang.
Talvez o veículo mais destacado pelo robô foi o Ling Shang MP5, um superesportivo luxuoso de grande potência. De acordo com o diretor, o veículo possui um motor de 850 cavalos (superior a uma Lamborghini Huracán) e torque de 650 N-m, capaz de atingir até 250km/h. O automóvel fictício vai de 0 até 100 km/h em apenas 2.8 segundos, o equivalente a um Porsche 911 GT3.
Zhang se mostrou bastante orgulhoso que vários jogadores de futebol do mundo estão “obcecados” pelo supercarro esportivo. O diretor afirmou que, dentre os ilustres proprietários desse veículo, está Victor Moses, ponta-direita nigeriano do time inglês Chelsea.
Pedimos para um robô desenhar o carro
Na sequência da “entrevista”, Zhang descreveu o visual do esportivo de forma detalhada, destacando o visual aerodinâmico, o imponente para-choque, os luxuosos faróis e as diversos detalhes em cor metálica.
Para obter o visual do veículo criado pela inteligência artificial, outro famoso robô foi usado para gerar as imagens esperadas: Craiyon. Conhecido anteriormente como Dall-E Mini, a implementação pública do modelo de machine learning desenvolvida pela OpenAI é capaz de gerar imagens mediante a inserção de frases curtas.
Ao utilizar a descrição de Zhang do visual do Ling Shang MP5, a inteligência artificial gerou as seguintes imagens:
O visual desses veículos é bastante similar a vários carros esportivos japoneses, em especial aqueles desenvolvidos pelas fabricantes Nissan e Mitsubishi.
Para complementar a entrevista com Zhang, o algoritmo foi solicitado para gerar uma imagem do executivo demonstrando o veículo em um evento. A imagem a seguir foi a que mais chamou a atenção.
Por fim, conseguimos que a inteligência artificial gerasse algumas ilustrações dos futuros carros da fabricante fictícia Ling Shang:
Craiyon, a implementação pública do modelo DALL-E, conta com baixa fidelidade visual devido à grande demanda de processamento necessária para gerar essas imagens. Em sua versão completa, o robô é capaz de gerar ilustrações com um altíssimo grau de precisão, sendo possível criar situações inusitadas, como a exibição de um “gato branco vestido como Napoleão Bonaparte no espaço”.
As possíveis origens dos textos gerados
Para os leitores do blog do Pecahoje, o nome Ling Shang deve soar familiar. É bastante similar ao nome da fabricante Lifan Motors, empresa responsável por carros como o Lifan 320 e 620. Conversamos mais sobre a história dessa fabricante de automóveis em um artigo especial.
A menção do jogador Victor Moses também é interessante, dado que o atleta nigeriano é conhecido por sua extensa coleção de carros luxuosos. Apesar disso, o jogador não é proprietário de um veículo chinês, nem possui um carro da China com seu nome – como é o caso do superastro argentino Lionel Messi.
Curiosamente, a participação de uma fabricante de carros chinesa em território camaronês é similar a uma história verdadeira. A empresa Cameroon Automobile está colaborando com um grupo de investidores do país africano para instalar uma fábrica na cidade de Kribi, montando veículos da empresa BAIC. De acordo com o site de notícias Quartz, o projeto tem sofrido para se tornar realidade devido a dificuldades com o governo local.
Os pontos negativos dessa tecnologia
Apesar do lado divertido dessa inovadora tecnologia, ainda há muito a ser discutido a respeito desses modelos de machine learning. Por ser treinada com imagens públicas, especialistas apontam que esses robôs podem enfatizar preconceitos na sociedade, como a má representação de minorias étnicas e de gênero.
Outro problema apontado fica por conta de uma possível substituição de artistas, fotógrafos e designers gráficos por esses algoritmos, causando uma onda de desemprego nesse setor. Considerando que algumas implementações desses modelos fazem uso de imagens disponíveis pela internet, é possível que hajam violações de direitos autorais de profissionais dessa área.
Por fim, devido à alta fidelidade das edições completas destes algoritmos, acredita-se que ficará cada vez mais simples gerar fotografias falsificadas para disseminar notícias falsas. A técnica seria mais prática que os atuais deepfakes, dado que estes requerem um conhecimento mais avançado do algoritmo em questão.
