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Diversos andares do South China Mall seguem desocupados, no que seria o maior shopping vazio do mundo.
Shopping de Dongguan possui mais de 650 quilômetros quadrados, mas tem dificuldades para atrair lojistas e público desde que foi construído.
Imagine entrar em um shopping center gigantesco e perceber que ele está praticamente vazio – tanto de pessoas como de lojas. Por um bom tempo, esta foi a experiência dos visitantes do South China Mall, o maior shopping da China e o segundo maior do mundo, atrás apenas do emiradense The Dubai Mall.
Construído em 2005 com um valor aproximado de seis bilhões de reais, o centro comercial conta com espaço para mais de 2.300 lojas, um rio artificial de dois quilômetros de comprimento, um pequeno parque de diversões e uma réplica de vinte metros de altura do famoso Arc de Triomphe, um dos mais famosos monumentos de Paris. O objetivo da empresa que administra o local era atrair mais de cem mil visitantes por dia.
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No entanto, por um grande período desde sua construção em 2005, o shopping teve dificuldades em atrair lojistas, resultando em andares inteiros completamente desertos. Apenas as porções próximas às entradas foram ocupadas nestes primeiros anos, em sua grande parte por grandes cadeias de fast-food ocidentais e por um supermercado de origem holandesa. Os corredores do centro comercial eram vazios e quase todos os banheiros estavam desativados. Parte de seu gigante estacionamento foi reaproveitado para a montagem de uma pista de kart.
Um dos principais causadores desta falta de sucesso foi a localização do shopping. Apesar de Dongguan possuir mais de oito milhões de habitantes, grande parte da população é constituída de migrantes que trabalham na cidade apenas para sustentar a família, sem muito dinheiro para gastar com lazer. A ideia dos construtores do South China Mall era também alcançar os públicos das cidades vizinhas, Guangzhou e Shenzhen, mas o resultado não foi como esperado.
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A situação começou a mudar em 2013 graças a um apressado projeto de modernização, que optou por impulsionar a aparição de estabelecimentos orientados à classe média, ao invés da classe alta. O que era antes visto como um local pouco interessante e caro passou a ser um destino mais acessível aos habitantes de Dongguan. Restaurantes de diferentes culinárias, lojas de roupas, cafeterias e até mesmo um cinema 3D disputam a atenção dos visitantes – ainda que existam diversos andares completamente desocupados.
Outro prospecto que está beneficiando o shopping é o aumento de eventos esportivos sediados em Dongguan durante a década de 2010. Esporte em rápida ascensão no país, o basquete é destaque na cidade, contando com três equipes locais na liga profissional chinesa; o Dongguan Basketball Center foi escolhido como uma das sedes para as partidas da Copa do Mundo de Basquete da FIBA 2019. Outra cidade que viu um crescimento na economia em vista do esporte foi Chongqing, por ser sede do time da Lifan – fizemos um artigo a respeito dessa equipe. Eventos como esses atraem cada vez mais turistas à cidade que, dentre outros destinos, se interessam pelo famigerado shopping.
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Fadado a ser um gigante fracasso e um dos maiores símbolos da bolha econômica das propriedades chinesas na década de 2000, o South China Mall se reinventou e consegue, ainda que lentamente, reconquistar o público. Por outro lado, caso as lojas não agradem, ainda dá para aproveitar os andares e lotes desocupados para sentir a sensação de entrar em um shopping praticamente vazio.