O estepe pequeno traz vantagens e desvantagens. Imagem de Josbert Lonee sob domínio público
Diferença do tamanho entre um pneu convencional e um estepe gera discussão e virou até projeto de lei.
Redação pecahoje.com.br
A necessidade de transportar pneus reservas existe desde os primórdios da indústria automotiva, em vista que os primeiros veículos compartilhavam estradas com carroças puxadas por cavalos, que costumavam deixar pregos de ferraduras espalhados pela via – algo que interferiu até a primeira viagem feita por carro na história. Nestes casos, o motorista seria obrigado a consertar o pneu por conta, no meio da estrada, de maneira a continuar a viagem. A ideia de vender pneus sobressalentes foi inventada pela companhia galesa Stepney Iron Mongers em 1904. Já pelo final da década de 1910, era prática comum vender carros novos acompanhados de pneus reservas.
Agora, a situação é mais inusitada: cada vez mais frequente, as montadoras estão dispensando os estepes de dimensões convencionais para optar por pneus e rodas mais finos. O objetivo é fornecer uma solução temporária para o problema, permitindo que os motoristas consigam levar o automóvel até a borracharia mais próxima, enquanto economizam espaço e reduzem o peso carregado pelo veículo. Diferentemente dos outros pneus, este não possui nenhum reforço e a proteção contra imperfeições da via é bem menor.
O projeto de lei sobre estepes pequenos
Essa diferença ganhou notoriedade em 2015, quando o deputado federal Pompeo de Mattos (PDT/RS) apresentou um projeto de lei, de número 82/2015, que tinha como objetivo exigir que rodas e pneus reservadas tivessem “idênticas dimensões das demais rodas e pneus que equipam os veículos novos, nacionais e importados”. O projeto foi discutido na Câmara dos Deputados e até chegou a ser aprovada por diversas comissões em 2017, mas foi revista e rejeitada em 2018.
As vantagens do estepe pequeno
Os argumentos a favor do estepe menor são diversos. Obviamente, com as dimensões menores, o espaço utilizado no porta-malas é melhor aproveitado. Outro aspecto positivo é a redução do peso: por serem mais leves que os sobressalentes convencionais, fica muito mais fácil fazer a substituição. Outros acreditam que um pneu “inferior” exige que o carro seja levado a borracharia para fazer o reparo, impedindo que os motoristas apenas façam a substituição e ignorem o conserto. Alguns argumentam que o estepe normal não costuma ser calibrado, levando à falsas sensações de segurança. Por fim, o estepe temporário não é muito útil além de permitir que o carro seja levado à borracharia, portanto, gera um interesse menor para ser roubado.
As críticas do estepe pequeno
Por outro lado, críticos apontam ao baixo desempenho do veículo quando usa esse estepe. Devido às dimensões inferiores, motoristas devem dirigir com velocidade abaixo dos 70 km/h, algo problemático quando a substituição foi feita na estrada, longe de uma borracharia. Deve-se evitar, também, levar o carro por longas distâncias neste estepe, em vista que acelera o desgaste de diversas peças mecânicas, como o diferencial. Outra queda de desempenho fica por conta da baixa aderência, levando a dificuldades com a tração e a frenagem (que pode ser exacerbado se os freios não forem verificados corretamente), além de ser bem mais difícil mantê-lo em linha reta. Algumas pessoas observam, também, que o espaço que leva o estepe menor não serve para levar o pneu danificado, dificultando o transporte até a mecânica.
A recomendação geral é observar o manual de instruções do automóvel para ter em mente a velocidade e distâncias máximas que o estepe temporário pode ser utilizado. Não seria uma boa ideia pegar a estrada (ainda mais se ela for na Alemanha) em alta velocidade com um pneu de menor dimensão.